Pontuação: 7,5/10
M/12 | 1h25 min. | Biografia, História, Guerra
País: Portugal
Realizado por: Gonçalo Galvão Teles e Jorge Paixão da Costa
Estrelado por: João Arrais, Miguel Borges, Carminho Coelho
No ano em que relembramos o fim da I Guerra Mundial pelo seu centenário (1914-1918), eis que Gonçalo Galvão Teles e Jorge Paixão da Costa trazem ao grande ecrã uma obra que faz jus a um dos heróis desse mesmo conflito bélico. Soldado Milhões conta a história de "Aníbal Augusto Milhais" (João Arrais), um homem que, protegido por um lenço oferecido pela sua amada e guiado pela Nossa Senhora, contrariou ordens superiores e enfrentou sozinho (com a sua "Luisinha"), numa trincheira, as tropas alemãs, permitindo, assim, que os seus companheiros fugissem do campo de batalha sãos e salvos.
Na imagem acima, vemos a personagem principal com os seus amigos "Malha-Vacas", "Sabugal" e "Penacova". Apesar do cenário circundante, estamos perante seres humanos que, com as suas várias características, animam o filme, chegando mesmo a torná-lo mais humano (não demasiado). Acreditamos que foi também com o mesmo intuito que os dois realizadores supra mencionados optaram por intercalar as cenas de guerra (muito bem editadas, diga-se) com momentos profundamente enternecedores entre um "Milhais" bastante mais maturo (representado, e muitíssimo bem, por Miguel Borges; cf. infra) e a sua filha, muito orgulhosa filha, "Adelaide" (que olhos tão bonitos tem a pequena Carmilho Coelho!). E poderiam muito bem ter ficado por aí, pois a figura do lobo veio acrescentar... nada. Absolutamente nada.
Já este filme acrescenta, e muito, ao nosso cinema e à nossa alma lusitana. À exceção de As Linhas de Wellington, que é uma verdadeira desgraça a todos os níveis, os portugueses, apesar de não disporem de tantos e tão sofisticados meios cinematográficos como outros cineastas estrangeiros, têm-se dado realmente bem quando tentam representar as lutas que travámos (lembremos o maravilhoso Cartas da Guerra, de Ivo Ferreira, 2016). Não é que, a nível técnico, estejamos perante algo surpreendente... Mas estamos perante um produto artístico bem conseguido: bem filmado, bem montado, com uma ótima mistura de som e com personagens cheias de atitude.
Foi na madrugada de 9 de abril de 1918, na Flandres, naquela que ficou conhecida como a Batalha de La Lys, que sucumbiram cerca de 7500 homens. Não obstante, foi também nela que o jovem soldado português Milhais passou a ser (ou a valer) "Milhões".
Felizes aqueles que relembram os nossos heróis.