Segue o resumo da minha comunicação para o próximo Colóquio de Outono subordinado ao tema "Utopias, Distopias e Heteropias", a decorrer entre os dias 17 e 18 de novembro de 2016, no ILCH, Universidade do Minho, Braga:
“A Distopia no Cinema: Fahrenheit
451, de François Truffaut”
Pensa-se
que o termo ‘distopia’ terá sido cunhado pelo filósofo John Stuart Mill
(1806-1873), em 1868, em Inglaterra, aquando de uma discussão sobre a política
governamental da Irlanda. Etimologicamente, a palavra expressa um lugar de dor,
infelicidade ou privação e, no campo das artes, surge como uma espécie de
advertência a certas tendências que distanciam o ser humano de ideais como, por
exemplo, o ideal de liberdade. Fahrenheit
451, de 1966, realizado pelo cineasta francês François Truffaut (1932-1984)
e inspirado no romance de Ray Bradbury (1920-2012), escrito em plena Guerra Fria,
apresenta-se como uma obra cinematográfica que coloca o espectador
frente-a-frente com uma sociedade americana futura, profundamente capitalista e
consumista, na qual não existe espaço para a literatura ou para o debate. Nela,
a televisão apresenta-se, numa linguagem marxista, como o novo ópio do povo; já os livros são
considerados profundamente subversivos e, por isso, devem ser queimados pelos ‘fireman’ (a autoridade). Ao apresentar
um método de controlo ideológico de massas, típico dos sistemas totalitários, o
referido filme apela, portanto, a que façamos uma reflexão sobre as
consequências de um lugar onde a censura, a repressão política e a
superficialidade da imagem se sobrepõem a uma humanidade livre e esclarecida.
Sara
Tiago Gonçalves
FCT, CEHUM, Departamento de
Filosofia da Universidade do Minho, Braga, Portugal
sara.goncalves@ilch.uminho.pt
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