segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Resumo sobre a Distopia "Fahrenheit 451" (Colóquio de Outono 2016)

Caros Leitores,
Segue o resumo da minha comunicação para o próximo Colóquio de Outono subordinado ao tema "Utopias, Distopias e Heteropias", a decorrer entre os dias 17 e 18 de novembro de 2016, no ILCH, Universidade do Minho, Braga:



“A Distopia no Cinema: Fahrenheit 451, de François Truffaut”

Pensa-se que o termo ‘distopia’ terá sido cunhado pelo filósofo John Stuart Mill (1806-1873), em 1868, em Inglaterra, aquando de uma discussão sobre a política governamental da Irlanda. Etimologicamente, a palavra expressa um lugar de dor, infelicidade ou privação e, no campo das artes, surge como uma espécie de advertência a certas tendências que distanciam o ser humano de ideais como, por exemplo, o ideal de liberdade. Fahrenheit 451, de 1966, realizado pelo cineasta francês François Truffaut (1932-1984) e inspirado no romance de Ray Bradbury (1920-2012), escrito em plena Guerra Fria, apresenta-se como uma obra cinematográfica que coloca o espectador frente-a-frente com uma sociedade americana futura, profundamente capitalista e consumista, na qual não existe espaço para a literatura ou para o debate. Nela, a televisão apresenta-se, numa linguagem marxista, como o novo ópio do povo; já os livros são considerados profundamente subversivos e, por isso, devem ser queimados pelos ‘fireman’ (a autoridade). Ao apresentar um método de controlo ideológico de massas, típico dos sistemas totalitários, o referido filme apela, portanto, a que façamos uma reflexão sobre as consequências de um lugar onde a censura, a repressão política e a superficialidade da imagem se sobrepõem a uma humanidade livre e esclarecida.

Sara Tiago Gonçalves
FCT, CEHUM, Departamento de Filosofia da Universidade do Minho, Braga, Portugal
sara.goncalves@ilch.uminho.pt
 

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