8,5 / 10
Drama, Thriller | 2h10 min. | M/16
Realização: Paul Verhoeven
Baseado no romance de: Philippe Djian
Países: França, Alemanha, Bélgica
Estrelado por: Isabelle Huppert, Laurent Lafitte, Anne Consigny
Assistir a Elle é uma espécie de exercício de controlo de respiração. A obra de Verhoeven não nos dá espaço para distrações: o filme começa logo com uma cena de violação, o que contraria a tendência de muitos cineastas de oferecer o clímax das suas histórias a meio ou mesmo no fim das películas. É esse acontecimento que parece despoletar em "Michèle Leblanc" (Isabelle Huppert) uma vontade de vingança, muitas vezes camuflada pelo desejo sexual exasperante que a personagem revela ter. Não obstante, também parece legítimo perguntar se essa mesma vontade não estará antes vinculada ao seu pai, responsável por uma chacina no seu bairro? Ou à sua mãe que transparece futilidade? Ou ao seu filho que enveredou pelos caminhos da droga? Seja como for, Huppert é absolutamente maravilhosa. É fria e excitante, sofredora e forte, violenta e perspicaz, tudo ao mesmo tempo. Numa entrevista ao Ipsílon, que saiu no passado dia 18 de novembro de 2016, a atriz confessou mesmo que, durante as filmagens, teve a sensação de "estar completamente nua", porque a fronteira entre ela e o papel era "de tal forma ténue" que tudo parecia estar a acontecer perto de si. O mais incrível é que, apesar de termos consciência de que este filme é dela, da "Michèle" imoral, também sentimos espaço para questionar as razões das outras personagens. Creio que o principal objetivo de Verhoeven era precisamente oferecer aos espectadores uma obra onde a pergunta pelos motivos que conduziram à ação fosse constante. E está de parabéns, pois se há filme onde o 'porquê' surge é neste.
Deixo-vos aqui o trailer desta obra que merece realmente ser vista:
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