Pontuação: 8/10
Título original: War for the Planet of the Apes
Realizado por: Matt Reeves
Escrito por: Mark Bomback, Matt Reeves
Estrelado por: Andy Serkis, Woody Harrelson, Karin Konoval, Amiah Miller
"Foi um erro ter-vos trazido. Esta guerra não é vossa..." - "César"
A época sazonal
em que nos encontramos costuma ser pouco favorável a todos aqueles apreciadores
de cinema que gostam de ver, no grande ecrã, muito mais do que um mero entretém de
domingo à tarde. Planeta dos Macacos: A
Guerra (2017) estreou hoje nas salas de cinema portuguesas e é uma verdadeira
lufada de ar fresco para todos aqueles amantes da sétima arte que estão
cansados de ver muita ação e pouca humanidade.
O novo filme de
Matt Reeves vem no seguimento de Planeta
dos Macacos: A Origem (2011), realizado por Rupert Wyatt, e Planeta dos Macacos: O Confronto (2014), também de Reeves. Com um argumento que não traz grandes novidades – à exceção, talvez,
de uma humana primitiva sobre a qual falaremos mais adiante –, esta obra
coloca, frente a frente, macacos e homens que pretendem defender a sua espécie
mesmo que, para isso, tenham que fazer sacrifícios (como matar os próprios filhos).
O confronto entre ambos surge, porque o vírus responsável pelo grande desenvolvimento das
capacidades cognitivas dos símios ameaça destruir a raça humana, uma raça que se quer,
como reforça o “Coronel” (interpretado por Woody Harrelson), superior. Se, por
um lado, os macacos aprendem a falar a nossa linguagem, por outro, ficamos a
conhecer homens e mulheres que perdem a fala.
“Nova”
(interpretada pela belíssima Amiah Miller) é, talvez, e a par do protagonista “César”
(interpretado por Andy Serkis) (ver imagem supra),
a personagem que mais emoções despoleta no espectador. Compreendemos que a
sétima arte é preciosa quando assistimos a cenas como a do encontro entre esta
menina e “Maurice” (Karin Konoval) (ver imagens infra): o esforço que “Nova” faz para comunicar com o símio é
arrepiante e a forma ternurenta como este último a olha denota um humanismo por
vezes difícil de encontrar entre os membros da nossa espécie. Neste mesmo
instante, o que Reeves nos oferece são dois dos mais brilhantes close-ups da história do cinema mais recente.
A par de “Nova”, é introduzida, nesta saga, uma outra nova personagem - “Bad Ape” (interpretado por Steve
Zahn) (ver imagem infra): um macaco
que, apesar de conseguir falar, aparece quase sempre amedrontado. Ora, é precisamente esta sua característica que nos faz soltar uma ou outra gargalhada num filme onde,
ao contrário do que nos indica o título, a ação não é rainha. A guerra não é
rainha. Talvez a misericórdia, essa sim, leve a coroa.
Planeta dos Macacos: A Guerra é, e
também ao contrário do que se possa pensar, sobre silêncio. Um silêncio ora
amargurado, ora vingativo, ora piedoso, ora pacífico. Um silêncio que é
suportado e exaltado por uma banda sonora de Michael Giacchino (o compositor da
série Lost – Perdidos e do filme de
animação Up – Altamente!) bem
conseguida e por uma técnica motion
capture absolutamente espantosa. Estamos perante uma peça cinematográfica que
é, nada mais, nada menos, que uma verdadeira pérola digital.