quinta-feira, 13 de julho de 2017

"Planeta dos Macacos: A Guerra" (2017). Um verdadeiro espetáculo digital.


Pontuação: 8/10

M/12 | 2h20 min. | Ação, Aventura, Drama

Título original: War for the Planet of the Apes
Realizado por: Matt Reeves
Escrito por: Mark Bomback, Matt Reeves
Estrelado por: Andy Serkis, Woody Harrelson, Karin Konoval, Amiah Miller



"Foi um erro ter-vos trazido. Esta guerra não é vossa..." - "César"

A época sazonal em que nos encontramos costuma ser pouco favorável a todos aqueles apreciadores de cinema que gostam de ver, no grande ecrã, muito mais do que um mero entretém de domingo à tarde. Planeta dos Macacos: A Guerra (2017) estreou hoje nas salas de cinema portuguesas e é uma verdadeira lufada de ar fresco para todos aqueles amantes da sétima arte que estão cansados de ver muita ação e pouca humanidade.
O novo filme de Matt Reeves vem no seguimento de Planeta dos Macacos: A Origem (2011), realizado por Rupert Wyatt, e Planeta dos Macacos: O Confronto (2014), também de Reeves. Com um argumento que não traz grandes novidades – à exceção, talvez, de uma humana primitiva sobre a qual falaremos mais adiante –, esta obra coloca, frente a frente, macacos e homens que pretendem defender a sua espécie mesmo que, para isso, tenham que fazer sacrifícios (como matar os próprios filhos). O confronto entre ambos surge, porque o vírus responsável pelo grande desenvolvimento das capacidades cognitivas dos símios ameaça destruir a raça humana, uma raça que se quer, como reforça o “Coronel” (interpretado por Woody Harrelson), superior. Se, por um lado, os macacos aprendem a falar a nossa linguagem, por outro, ficamos a conhecer homens e mulheres que perdem a fala.


“Nova” (interpretada pela belíssima Amiah Miller) é, talvez, e a par do protagonista “César” (interpretado por Andy Serkis) (ver imagem supra), a personagem que mais emoções despoleta no espectador. Compreendemos que a sétima arte é preciosa quando assistimos a cenas como a do encontro entre esta menina e “Maurice” (Karin Konoval) (ver imagens infra): o esforço que “Nova” faz para comunicar com o símio é arrepiante e a forma ternurenta como este último a olha denota um humanismo por vezes difícil de encontrar entre os membros da nossa espécie. Neste mesmo instante, o que Reeves nos oferece são dois dos mais brilhantes close-ups da história do cinema mais recente.



A par de “Nova”, é introduzida, nesta saga, uma outra nova personagem - “Bad Ape” (interpretado por Steve Zahn) (ver imagem infra): um macaco que, apesar de conseguir falar, aparece quase sempre amedrontado. Ora, é precisamente esta sua característica que nos faz soltar uma ou outra gargalhada num filme onde, ao contrário do que nos indica o título, a ação não é rainha. A guerra não é rainha. Talvez a misericórdia, essa sim, leve a coroa.


Planeta dos Macacos: A Guerra é, e também ao contrário do que se possa pensar, sobre silêncio. Um silêncio ora amargurado, ora vingativo, ora piedoso, ora pacífico. Um silêncio que é suportado e exaltado por uma banda sonora de Michael Giacchino (o compositor da série Lost – Perdidos e do filme de animação Up – Altamente!) bem conseguida e por uma técnica motion capture absolutamente espantosa. Estamos perante uma peça cinematográfica que é, nada mais, nada menos, que uma verdadeira pérola digital.

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