Pontuação: 8/10
M/16 | 1h16 min. | Drama, Romance
Realizado por: Gabe Kingler
Escrito por: Larry Gross, Gabe Klinger
Estrelado por: Anton Yelchin, Lucie Lucas, Paulo Calatré
"É como se não tivéssemos escolha..."
- "Jake"
Porto, do realizador Gabe Klinger, é a prova de a beleza mora, não raras vezes, na simplicidade. Não estamos perante um filme perfeito, longe disso; mas estamos perante uma obra que tem muitos aspetos positivos a ressalvar. Comecemos pela frugalidade que pinta a narrativa: na cidade invicta, conhecemos um homem chamado “Jake” (interpretado, de forma brilhante, pelo já falecido ator Anton Yelchin), que vai fazendo uns biscates para sobreviver, e uma mulher francesa, um pouco mais velha, de seu nome “Mati”, que estuda arqueologia. Num único dia, os dois cruzam-se três vezes, duas sem querer, a última talvez de propósito. Os olhares que trocam no café “Ceuta” conduzem as personagens a uma noite de amor sem pressas, sem horas.
O argumento, dividido em três capítulos (“Jake”, “Mati” e “Jake & Mati”) é este: um homem, uma mulher e um serão de sexo e de frases soltas (belíssimas e profundas) que se quedam no instante em que são proferidas. Como é que se conta algo tão simples num filme de uma hora e um quarto? Com cuidado. Muito cuidado. Klinger dividiu o drama em três tempos, alternando imagens capturadas em suportes distintos – 16 mm, 35 mm e Super 8; é certo que o trabalho de edição não é o melhor que já se viu no cinema, pois o filme contém alguns cortes bruscos; além disso, a passagem de imagens completamente nítidas para imagens desfocadas causa, por vezes, um certo desconforto no espectador; no entando, há aspetos cinematográficos que nos aquecem o coração, nomeadamente a fotografia de Wyatt Garfield que nos faz abraçar um Porto cheio de luzes reconfortantes e de lugares familiares. Depois, as referências ao cinema de Jim Jarmusch, o realizador de Paterson (2016), que é, aliás, o produtor executivo deste drama. Finalmente, são-nos ofertados planos exímios, como aquele em que vemos “Mati”, com um guarda-chuva vermelho aberto, a olhar, nostálgica, para dentro do café supra mencionado (ver imagem infra).
Cada vez mais, creio que são os pequenos pormenores extremamente bem filmados e os pequenos acontecimentos sublimemente contados que nos deixam com vontade de rever um filme. E Porto é para rever, sem quaisquer sacrifícios.
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