Pontuação: 8.5/10
M/14 | 2h12 min. | Drama, Romance
Título original: Call Me By Your Name
Realizado por: Luca Guadagnino
Escrito por: James Ivory, baseado no romance de André Aciman
Estrelado por: Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg
"Call me by your name and I'll call you by mine."
- "Oliver"
Com o novo filme do siciliano Luca Guadagnino, Chama-me pelo Teu Nome - baseado no romance de André Aciman -, somos transportados para o verão de 1983, para uma mansão do século XVII, no norte de Itália. A calmaria sazonal a que o jovem "Elio" (interpretado por Timothée Chalamet), de 17 anos, estava habituado é abalada pela chegada de "Oliver" (Armie Hammer), um estudante americano que, por detrás do seu corpo atlético de 24 anos, revela uma cultura fora do comum, um amor à sabedoria que o leva, inclusivamente, a ler fragmentos do filósofo pré-socrático Heraclito à beira do rio.
Contrariamente ao que se possa pensar, esta obra não é apenas mais uma "historinha" sobre relações homossexuais. É, sim, uma história, e belíssima, sobre o primeiro amor e a descoberta da sexualidade, não descurando o judaísmo dos protagonistas, tendo como pano de fundo paisagens italianas de cortar a respiração e sendo ainda aprimorada por algumas citações filosóficas que despertam os espíritos mais curiosos. Apesar de o desejo ser um tema recorrente dos filmes de Guadagnino, aqui, o realizador não se foca apenas no que é carnal, mas também no que é espiritual. Importa o que paira no corpo, mas também o que assola a mente das personagens. Importa acompanhá-las de perto. Importa atentar em cada nota tocada no piano de "Elio". Ou em cada nota da sua guitarra (ver imagens infra).
Chama-me pelo Teu Nome prima, sobretudo, pela performance dos seus atores (e não só dos principais): Chalamet tem sido nomeado para inúmeros prémios pelo seu papel como "Elio" (ator revelação, melhor ator principal,...) e merece, pois é exímio em tudo o que faz, nomeadamente naquela cena em que acaricia um pêssego sumarento do seu quintal (uma ideia que o realizador foi buscar ao cinema de Manuel de Oliveira); já Hammer faz tudo o que lhe foi pedido na perfeição - é enigmático, carismático e suscita o amor e a admiração de todos os que estão à sua volta. Para além dos dois jovens, há outros dois atores que têm um papel importante nesta obra: Michael Stuhlbarg, o pai de "Elio", professor de cultura greco-romana, e Amira Casar, a mãe "Annella", tradutora e fumadora compulsiva (ver os dois atores à esquerda, na imagem infra).
Este novo filme de Guadagnino é um elogio ao amor, à sedução, à sensibilidade, à natureza, à obra de arte vista, falada e contada. É um elogio aos alperces, à língua, às estátuas da Antiguidade. É um elogio a tudo o que faz de um humano realmente humano. É pena terminar com um discurso não muito realista por parte do pai de "Elio". Não fosse esse exagero romanesco e estaríamos perante uma peça cinematográfica quase perfeita.
É importante ressalvar que Chama-me pelo Teu Nome é uma obra puramente sensual e erótica que aufere imagens que nem todos estão preparados para ver, muito menos para entender. Talvez seja precisamente neste aspeto que reside a sua maior beleza.