Pontuação: 9/10
M/16 | 1h55m. | Crime, Drama
Realizado por: Martin McDonagh
Escrito por: Martin McDonagh
Estrelado por: Frances McDormand, Woody Harrelson, Sam Rockwell
"I don't care if you never did shit or never saw shit or
never heard shit.
You joined the gang. You're culpable."
- "Mildred Hayes
Não percebia todo o alarido em torno de Três Cartazes à Beira da Estrada até o ver, ontem, no cinema. Estamos perante um filme que venceu 4 Globos de Ouro no dia 7 de janeiro, já conta com outros 64 prémios, 149 nomeações e é um dos nomes mais apontados pela imprensa especializada para os Óscares deste ano. Digo-vos: merece tudo.
Com realização de Martin McDonagh, esta obra, estreada nas salas de cinema portuguesas no passado dia 11 de janeiro, gira em torno de um caso não resolvido pela polícia local. “Mildred Hayes” (interpretada por Frances McDormand) é uma força da natureza, uma mãe que exige justiça e que, para levar a sua avante, não tem meias medidas. Ao passar pela estrada onde a filha foi violada, queimada e assassinada, lembra-se de alugar os espaços publicitários que lá se encontram por forma a chamar a atenção das autoridades das quais não tem notícias há mais de 7 meses. Nos três cartazes que se encontram à beira da referida estrada, passam a ler-se as seguintes frases: “Raped while dying” (“violada enquanto morria”), “and still no arrests?” (“ainda nem uma detenção?”), “how come, Chief Willoughby?” (porquê Chefe Willoughby?).
A ideia para este filme nasceu há 17 anos, quando o realizador McDonagh, ao viajar de autocarro pelos Estados de Georgia, Florida e Alabama, viu cartazes a pedir que fosse feita justiça. E é mesmo isso que se pede nesta obra estonteante, alarmante, sarcástica, onde nem a Igreja se livra de críticas pejorativas. Pede “Mildred”, pede o chefe “Willoughby” (interpretado pelo grande Woody Harrelson; cf. imagem supra) e, depois de uma grande reviravolta na sua personagem, pede “Dixon” (Sam Rockwell, brilhante). “Mildred” é, como já se disse, interpretada pela atriz Frances McDormand que tem, aqui, uma exibição fora de série; o seu sofrimento é tão duro, tão real, as veias de raiva e de ódio que se vislumbram no seu pescoço são tão verdadeiras que é impossível o espectador não ficar assoberbado. Não obstante, Harrelson e, sobretudo, Rockwell, não lhe ficam atrás (cf. imagem infra; ao meio, com o Globo de Ouro que venceu no papel de "Melhor Ator Secundário"). Este filme é feito por este trio magnífico que nos comove, revolta, assola e ainda faz rir (sim, é verdade; faz mesmo!).
Três Cartazes à Beira da Estrada é um filme que prova que o cinema de qualidade ainda não pereceu. A sua fotografia e a sua banda sonora são medianas, mas o seu conteúdo e o seu elenco de luxo permitem-nos voltar a sentir num mundo onde quase já ninguém sente.
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