Será já na
madrugada de segunda-feira, dia 25 de fevereiro de 2019, que iremos ficar a
conhecer os vencedores dos Óscares 2019. A cerimónia ainda não aconteceu e já
está a dar que falar: primeiro, porque não terá um anfitrião (já tinha
acontecido o mesmo há 30 anos e correu mal); segundo, pela controvérsia causada pelos filmes
nomeados – digamos que, finalmente (e felizmente!), temos algumas obras
nomeadas que fogem ao padrão hollywoodesco.
O presente artigo serve para expor a minha opinião sobre as cinco obras nomeadas às quais atribuo maior pontuação.
1º - Roma,
de Alfonso Cuarón (9/10)
‘Inesperado’
é o adjetivo que melhor encontro para caracterizar esta obra do mexicano Alfonso
Cuarón, já galardoado pela Academia, em 2013, por Gravidade. Trata-se de um
filme humano (talvez até, e utilizando a expressão de F. Nietzsche, ‘demasiado
humano’), que aborda problemas reais, familiares e sociais; nesse sentido,
parece que temos muitas referências ao neo-realismo italiano dos anos 40
(talvez tenha vindo daí a opção pelo preto e branco). A nível técnico, há que
salientar a fotografia que é, simplesmente, sublime. Roma é o favorito nas
categorias de “Melhor Filme”, “Melhor Fotografia”, “Melhor Realizador” e “Melhor
Filme Estrangeiro”.
2º - Green Book, de Peter Farrelly (8,5/10)
Se Roma não
vencer o Óscar de “Melhor Filme”, então que vença esta obra de Peter Farrelly.
Há elementos fundamentais que nos fazem apreciar ou odiar um filme: um deles é
o seu enredo. Esta história, apesar de evocar uma temática que não é nova no
mundo da sétima arte (o racismo nos anos 60, nos EUA), fá-lo com o devido
respeito. Os protagonistas Viggo Mortensen e Mahershala Ali (que prestação
incrível!) são exímios e o filme nunca seria o mesmo sem eles. Estamos perante
outra obra humana, com sentido de humor e com a capacidade de fazer escorrer
uma lágrima. Provavelmente, irá perder o Óscar de “Melhor Argumento Original”
para “A Favorita”, mas merecia muito mais arrecadá-lo.
3º - A Star is Born, de Bradley Cooper (8/10)
Como peça
cinematográfica, A Star is Born não é especial. É banal e não traz
grandes novidades. Não tem uma fotografia por aí além nem uma montagem
surpreendente. No entanto, consegue oferecer algo ao espectador que é, a meu
ver, uma parte fundamental daquilo a que chamamos ‘filme’ – músicas lindíssimas
(tudo indica que será Shallow a levar a estatueta de “Melhor Canção Original”).
A par deste trunfo, temos duas personagens centrais que não nos permitem
retirar os olhos do ecrã. Penso que é mesmo aqui que A Star is Born vence:
pelas incríveis prestações de Bradley Cooper e de Lady Gaga.
4º - A
Favorita, de Yorgos Lanthimos (8/10)
Mais um
filme que vale, sobretudo, pelas suas prestações. Olivia Colman é espetacular e
Rachel Weisz e Emma Stone não lhe ficam muito atrás. As três mulheres conseguem
fazer com que o nosso olhar não se desprenda do grande ecrã. O guarda-roupa e a
maquilhagem são outros pontos a favor desta obra, a fotografia não é nada má
(aliás, parece ser ela a responsável pela nossa entrada na corte), mas depois
há uns exageros que nos deixam com um certo desconforto: é mesmo necessário (e
será que era assim?!) fazer com que as personagens utilizem uma linguagem tão
grosseira, com piadas, por vezes, infelizes?
5º - Bohemian Rhapsody, de Bryan Singer e Dexter
Fletcher (6.5/10)
Uma obra cheia
de incongruências que conduz o espectador em erro acerca de muitos aspetos da
vida de Freddy Mercury. A explicação para isso? Certamente, o intuito
comercial. Ainda assim, há coisas importantes que se salvam neste filme: o
trabalho de guarda-roupa e de maquilhagem; a edição sonora; as eternas músicas
dos Queen que não nos cansamos de ouvir; e, claro, a interpretação de Ramy
Malek, possível vencedor do Óscar de "Melhor Ator", este ano.