segunda-feira, 8 de abril de 2019

"Kursk" (2018). Orgulho assassino.


Pontuação: 6/10

M/14 | 1h57m. | Ação, Drama, História

Título original: Kursk
Realizado por: Thomas Vinterberg
Escrito por: Robert Rodat, Robert Moore (baseado no livro A Time to Die)
Estrelado por: Matthias Schoenaerts, Léa Seydoux, Peter Simonischek, Colin Firth


"Deixem-nos ajudar.
Com os nossos homens e os nossos meios,
eles serão resgatados em poucas horas..." -
"Comandante David Russell" (Colin Firth)

Todos conhecemos a história de Kursk, o submarino que afundou no mar de Barents a 12 de agosto de 2000. Não obstante, nem todos nos lembramos de que a morte de alguns dos 118 homens que estavam a bordo poderia ter sido evitada não fosse o exacerbado sentimento de orgulho patriótico das autoridades russas (incapazes de reconhecer o seu enorme défice ao nível de equipamentos e de pessoas capazes de entrar em ação aquando de uma desgraça como esta). Confesso que não me recordava dos moldes da tentativa de resgate que este filme relata e, hoje, depois de ter visto esta película, preferia continuar na ignorância.


A mensagem que nos chega da obra de Thomas Vinterberg, realizador de A Caça, (2012) - um drama cinematográfico maravilhoso, corajoso, protagonizado pelo grande Mads Mikkelsen, protagonista da série Hannibal - é esta: a Rússia poderia ter salvo alguns dos homens que ficaram presos no mar recorrendo à ajuda internacional, nomeadamente da Inglaterra (na pessoa de "Russell", interpretado por Colin Firth, supra), mas preferiu ignorar a opinião pública. Assim, ignoraram também todas as mulheres e todos os filhos dos trabalhadores de Kursk que tiveram que aprender a lidar com o facto de viverem num país onde o receio da vergonha é maior que o amor à vida ("Tanya", interpretada por Léa Seydoux, infra, e "Misha", interpretado por Artemiy Spiridonov, representam algumas das vítimas da referida decisão governamental).


O que dizer das interpretações dos atores de Kursk? Nada de mais. Matthias Schoenaerts, o protagonista "Mikhail", é competente, mas não é extraordinário; Léa Seydoux a mesma coisa; Colin Firth não sobressai, mas também não ficou com um papel que lhe permitisse fazer muito mais do que aquilo que faz; já o pequeno Artemiy protagoniza, a meu ver, o momento catártico do filme, já bem perto do final (foi ele que me deixou atribuir a esta obra um 6/10. Obrigada, pequeno "Misha"!).
Já se tentarmos avaliar esta obra pelos seus aspetos formais, a mesma revela ficar muito aquém do que se esperava. A montagem não é extraordinária, a fotografia é básica, o som deixa tanto, mas tanto a desejar... Nas profundezas do oceano, poder-se-ia ter conseguido muito mais. Aliás, não é por acaso que películas históricas deste género costumam entrar na corrida ao Óscar de "Melhor Edição de Som". 
Fiquemos com a memória de Kursk e de todos os homens que deram a sua vida por uma pátria que não lhes soube agradecer, minimamente, os anos de trabalho e de dedicação.

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