terça-feira, 4 de outubro de 2016

CURSOS DE CINEMA – HISTÓRIA DO CINEMA AMERICANO (1930-2000)

Caros Leitores,

O Cineclube do Porto tem abertas as inscrições para um Curso de Cinema sobre História do Cinema Americano (1930-2000), orientado por José Oliveira (realizador e crítico de cinema). Para mais informações sobre o programa e a forma de inscrição consultar o seguinte link: https://cineclubedoporto.wordpress.com/2016/09/29/cursos-de-cinema-historia-do-cinema-americano-1930-2000/.

Sara Gonçalves


quarta-feira, 20 de julho de 2016

Elogio ao Silêncio

Charlie Chaplin fez filmes que apresentam as mais diversas situações humanas sem ter sido necessário recorrer à fala

"Do próprio silêncio recebeu o cinema o impulso criador assim como a faculdade de obter excelentes efeitos artísticos." 

Rudolf Arnheim, em A Arte do Cinema (1933)

segunda-feira, 27 de junho de 2016

"Summer Interlude", de Bergman


M/12 | 1h36 m. | Drama, Romance

Título original: Sommarlek
País: Suécia
Ano: 1951
Realização: Ingmar Bergman
Elenco: Maj-Britt Nilsson, Birger Malmsten, Alf Kjellin



Um filme comovente que relata um amor de verão que marcou a bailarina 'Marie' para sempre. O drama conta com belas paisagens, silêncios com sentido, planos de rosto à moda de Bergman e diálogos que nos fazem pensar na existência.
Deixo-vos um relato emocionante da personagem principal: "I don't believe God exists. And if he does, I hate him. And I'll never stop hating him. If he stood before me, I'd spit in his face. I'll hate hum for as long as I live. I won't forget. I'll hate him till the day I die." - 'Marie'

terça-feira, 21 de junho de 2016

A Arte e o Mundo

Na vida, podemos sempre optar por olhar para a arte primeiro a fim de ver a realidade de um modo novo ou até de tomarmos consciência dela pela primeira vez. Browning alertou-nos para isto com os belos versos que se seguem:

"...nature is complete
Suppose you reproduce her - (which you can't)
There's no advantage! You must beat her then
For, don't you mark, we're made so that we love 
First when we see them painted, things we have passed
Perhaps a hundred times nor cared to see;
And so they are better, painted..."

Robert Browning, "Fra Lippo Lippi", versos 297-303

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Ingmar Bergman sobre as Mulheres

"Todas as mulheres me impressionam: velhas, novas, grandes, pequenas, gordas, magras, espessas, pesadas, leves, feias, belas, encantadoras, torpes, vivas ou mortas. Gosto também das vacas, das macacas, das suínas, das cadelas, das mulas (...). Mas a categoria feminina que mais aprecio é a dos bichos selvagens e dos répteis perigosos. Há mulheres que detesto. Gostaria de matar uma ou duas, ou então deixar-me matar por elas. O mundo das mulheres é o meu universo. Talvez me mova mal nele, mas nenhum homem pode verdadeiramente gabar-se de saber desenvencilhar-se nele por completo".

Ingmar Bergman a propósito do que um jornalista sueco escreveu
("Bergman é demasiado sábio a respeito das mulheres").

segunda-feira, 16 de maio de 2016

"A Alegoria da Caverna de Platão e o Cinema: para uma contenda entre a ilusão e o real"

No passado dia 22 de abril de 2016, tive o prazer de proferir uma comunicação no III CONGRESSO INTERNACIONAL DE FILOSOFIA GREGA, organizado pela Sociedade Ibérica de Filosofia Grega, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A mesma procurou pensar uma possível relação existente entre a Alegoria da Caverna de Platão e a Sétima Arte; entre os prisioneiros e os espectadores de cinema.
Deixo aqui o resumo da mesma:

Apesar de o cinema, tal como hoje o conhecemos, ter nascido apenas em 1895, com a invenção do cinematógrafo pelos irmãos franceses Auguste e Louis Lumière, Platão parece ter adivinhado, muitos séculos antes, algumas especificidades deste tipo de arte. No Livro VII da obra A República, o filósofo grego apresenta-nos uma caverna onde residem prisioneiros que contemplam imagens projetadas por uma luz artificial, originária do fogo, na parede. Analogamente, quando vamos ao cinema, quedamo-nos no escuro a observar cenas que passam no grande ecrã, cenas essas que também provém de luzes oriundas da técnica.
Não obstante a “Alegoria da Caverna” fazer-nos lembrar algumas peculiaridades da arte cinematográfica, existe uma diferença fundamental entre os prisioneiros da caverna de Platão e nós, espetadores e apreciadores da sétima arte. Esta torna-se nítida quando Sócrates pergunta a Gláucon: “pensas que (…) eles [os prisioneiros] tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projetadas pelo fogo na parede oposta da caverna?” (515 a). Nesta passagem, a palavra ‘sombras’ adquire um significado de suma importância, pois  remete  para  a  dicotomia  platónica  ‘aparência-realidade’. Na verdade, os prisioneiros da caverna só vislumbram sombras das Ideias, pelo que não conseguem conhecer o Bem, o Verdadeiro e o Belo em Si Mesmos. Os espetadores de cinema, por seu turno, têm a capacidade de optar por uma visão mais realista ou ilusória dos filmes, consoante a ontologia da imagem em movimento que reivindiquem. Não descurando as várias teorias existentes sobre o assunto, traremos à discussão, neste mesmo ponto, dois autores que possuem posições distintas acerca da natureza do cinema: o crítico francês André Bazin, que defende uma perspetiva realista da sétima arte (alegando que a essência desta reside no seu poder de expor as realidades), e o pensador alemão Rudolf Arnheim, que opta por uma visão formalista (aquela que crê que o cinema só é arte quando procura formas próprias de expressão, isto é, formas de organização da iluminação, dos gestos ou da composição, por exemplo; segunda esta perspetiva, o cinema é autêntico não quando imita a realidade, mas sim quando a manipula, dando assim lugar à ilusão e à imaginação).
Posto isto, podemos asseverar que o objetivo da presente comunicação consiste em pensar nos vários sentidos que as palavras ‘realidade’ e ‘ilusão’ podem adquirir após uma leitura atenta do Livro VII da obra A República e ainda após uma análise das duas ontologias da imagem em movimento supramencionadas. Desta forma, esperamos tornar mais compreensível a dissemelhança entre os prisioneiros da caverna de Platão e os espetadores de cinema.