segunda-feira, 16 de maio de 2016

"A Alegoria da Caverna de Platão e o Cinema: para uma contenda entre a ilusão e o real"

No passado dia 22 de abril de 2016, tive o prazer de proferir uma comunicação no III CONGRESSO INTERNACIONAL DE FILOSOFIA GREGA, organizado pela Sociedade Ibérica de Filosofia Grega, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A mesma procurou pensar uma possível relação existente entre a Alegoria da Caverna de Platão e a Sétima Arte; entre os prisioneiros e os espectadores de cinema.
Deixo aqui o resumo da mesma:

Apesar de o cinema, tal como hoje o conhecemos, ter nascido apenas em 1895, com a invenção do cinematógrafo pelos irmãos franceses Auguste e Louis Lumière, Platão parece ter adivinhado, muitos séculos antes, algumas especificidades deste tipo de arte. No Livro VII da obra A República, o filósofo grego apresenta-nos uma caverna onde residem prisioneiros que contemplam imagens projetadas por uma luz artificial, originária do fogo, na parede. Analogamente, quando vamos ao cinema, quedamo-nos no escuro a observar cenas que passam no grande ecrã, cenas essas que também provém de luzes oriundas da técnica.
Não obstante a “Alegoria da Caverna” fazer-nos lembrar algumas peculiaridades da arte cinematográfica, existe uma diferença fundamental entre os prisioneiros da caverna de Platão e nós, espetadores e apreciadores da sétima arte. Esta torna-se nítida quando Sócrates pergunta a Gláucon: “pensas que (…) eles [os prisioneiros] tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projetadas pelo fogo na parede oposta da caverna?” (515 a). Nesta passagem, a palavra ‘sombras’ adquire um significado de suma importância, pois  remete  para  a  dicotomia  platónica  ‘aparência-realidade’. Na verdade, os prisioneiros da caverna só vislumbram sombras das Ideias, pelo que não conseguem conhecer o Bem, o Verdadeiro e o Belo em Si Mesmos. Os espetadores de cinema, por seu turno, têm a capacidade de optar por uma visão mais realista ou ilusória dos filmes, consoante a ontologia da imagem em movimento que reivindiquem. Não descurando as várias teorias existentes sobre o assunto, traremos à discussão, neste mesmo ponto, dois autores que possuem posições distintas acerca da natureza do cinema: o crítico francês André Bazin, que defende uma perspetiva realista da sétima arte (alegando que a essência desta reside no seu poder de expor as realidades), e o pensador alemão Rudolf Arnheim, que opta por uma visão formalista (aquela que crê que o cinema só é arte quando procura formas próprias de expressão, isto é, formas de organização da iluminação, dos gestos ou da composição, por exemplo; segunda esta perspetiva, o cinema é autêntico não quando imita a realidade, mas sim quando a manipula, dando assim lugar à ilusão e à imaginação).
Posto isto, podemos asseverar que o objetivo da presente comunicação consiste em pensar nos vários sentidos que as palavras ‘realidade’ e ‘ilusão’ podem adquirir após uma leitura atenta do Livro VII da obra A República e ainda após uma análise das duas ontologias da imagem em movimento supramencionadas. Desta forma, esperamos tornar mais compreensível a dissemelhança entre os prisioneiros da caverna de Platão e os espetadores de cinema.


terça-feira, 29 de março de 2016

"Like a box of chocolates"




"My momma always said: 'life was like a box of chocolates. You never know what your gonna get...'".


- "Forrest Gump" (Tom Hanks)

"La jetée", de Chris Marker

No link que segue abaixo, podem assistir ao filme La jetée, de Chris Marker (1921-2012), um conceituado cineasta, fotógrafo e escritor francês. Eis como o artista conseguiu fazer cinema através da fotografia, fazendo o espectador embrenhar-se numa história sobre uma viagem no tempo feita num futuro pós-nuclear...




Ficha técnica:

28 min. | Curta, Drama, Romance | França

Título original: La jetée
Ano: 1962
Realizador: Chris Marker
Escrito por: Chris Marker
Elenco: Étienne Becker, Jean Négroni, Hélène Chatelain

segunda-feira, 28 de março de 2016

Lewis Hine e a denúncia da exploração infantil

"There is work that profits children, and there is work that brings profit only to employers. The object of employing children is not to train them, but to get high profits from their work."
Lewis Hine, 1908



Boys in a Cigar Factory, Indianapolis, IN - 1908

Boys and Girls Selling Radishes - 1908


Girl Working in Box Factory - 1909

quarta-feira, 23 de março de 2016

"In the Street" (1948), de Helen Levitt

Para quem ama o chamado 'filme de rua'. Destaco a alegria e inocência das crianças que, em tempos, não se escondiam em casa; antes faziam jus ao verbo 'brincar'...




Título original: In the Street
Ano original: 1948 / reedição: 1952 (depois de Charlie Chaplin ter visto e ter 'aprovado')
Realização: Helen Levitt
Fotografia: Helen Levitt, James Agee, Janice Loeb

segunda-feira, 21 de março de 2016

Kubrick e a Nazaré

Stanley Kubrick (1928-1999) foi um cineasta e fotógrafo americano. Todos o conhecemos pelos seus grandes clássicos: Spartacus (1960), 2001: A Space Odyssey (1968), A Clockwork Orange (1971), The Shining (1980) ou Eyes Wide Shut (1999). O que se calhar muitos desconhecem é o seu trabalho fotográfico na Nazaré, em 1948... Deixo aqui algumas obras e uma notícia que saiu no Diário de Notícias, em 2010, aquando a exposição em Veneza: