sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

"Em Hollywood..."

“Em Hollywood, tudo se negoceia, tudo se traduz e tudo se transforma nesse negócio; acordadas do seu ‘sono antropológico’, as culturas, as línguas, os génios, os mitos, as formas convergem para uma amálgama indiscernível e indescritível, para um desemesurado gag cultural, onde cowboys convivem com faraós, deusas gregas com gangsters, indígenas do Pacífico com burguesas cosmopolitas de Park Avenue. A terra de Hollywood (não o terreno ou o território, mas as ideias que neles se instalam ou que sobre eles pairam) é feita de associações, montagens, cruzamentos e permutas incessantes; é dessa terra mestiça que provém um filme ‘feito em Hollywood’.”

João Mário Grilo,
em A Ordem no Cinema, Vozes e palavras de ordem no estabelecimento do cinema em Hollywood.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Espelhos de Auschwitz

O mundo recorda, hoje, dia 27 de janeiro de 2016, a libertação de Auschwitz, um momento da História que aconteceu há 71 anos. Para assinalar a data, deixarei aqui alguns filmes que espelham um pouco do genocídio e do sofrimento daqueles que, aos olhos dos nazis, por não serem de raça ariana, eram considerados seres inferiores.



Sophie's Choice (1982)


M/12 | 150 min.
Realização: Alan J. Pakula
Elenco principal: Meryl Streep, Kevin Kline, Peter MacNicol
Género: Drama

Vencedor do Óscar de Melhor Atriz Principal.



Schindler's List (1993)

M/12 | 195 min.
Realização: Steven Spielberg
Elenco principal: Liam Neeson, Ben Kingsley
Género: Biografia, Drama

Vencedor de 7 Óscares, incluindo o de Melhor Filme e de Melhor Realização.



La Vita è Bella (1997)


M/12 | 116 min.
Realização: Roberto Benigni
Elenco principal: Roberto Benigni, Nicoletta Braschi
Género: Drama, Comédia

Vencedor de 3 Óscares, incluindo o de Melhor Filme Estrangeiro e de Melhor Ator Principal.



The Pianist (2002)

Fotografia retirada de: http://www.culturaclassica.com.br/o-pianista-um-filme-que-todos-deveriam-assistir/ (27/01/2016)

Realização: Roman Polanski
Elenco principal: Adrien Brody, Thomas Kretschmann, Emilia Fox
Género: Biografia, Drama

Vencedor dos Óscares de Melhor Realização, Melhor Ator Principal e Melhor Guião Adaptado. Perdeu o Óscar de Melhor Filme para o musical Chicago.



The Boy in the Striped Pyjamas (2008)
Fotografia retirada de: http://movieretrospect.blogspot.pt/2012_08_01_archive.html (27/01/2016)

M/12 | 94 min.
Realização: Mark Herman
Elenco principal: Asa Butterfield, Jack Scanlon, Amber Beattie, David Thewlis, Vera Farmiga
Género: Drama, Guerra



Elle s'appelait Sarah (2010)
Fotografia retirada de: http://www.ungrandmoment.be/elle-sappelait-sarah/ (27/01/2016)

M/12 | 111 min.
Realização: Gilles Paquet-Brenner
Elenco principal: Kristin Scott Thomas, Mélusine Mayance, Niels Arestrup
Género: Drama, Guerra



Aristides de Sousa Mendes, O Cônsul de Bordéus (2011)
Fotografia retirada de: http://joaonunes.com/2013/guionismo/baixe-agora-o-guiao-de-aristides-de-sousa-mendes-o-consul-de-bordeus/ (27/01/2016)

M/16 | 90 min.
Realização: João Correa, Francisco Manso
Elenco principal: Vítor Norte
Género: Drama



The Book Thief (2013)
Fotografia retirada de: http://odia.ig.com.br/diversao/2014-01-31/a-menina-que-roubava-livros-sucesso-da-literatura-no-cinema.html (27/01/2016)

M/12 | 131 min.
Realização: Brian Percival
Elenco principal: Emily Watson, Geoffrey Rush, Sophie Nélisse
Género: Drama

The Magic Carpet

“From its very beginnings, cinema provided romance and escapism for millions of people all over the globe. It was the magic carpet that look them away from the harsh realities of life.”


Ronald Bergan, in The Film Book. A complete guide to the world of cinema

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Comunicação "Relação entre a Moral e a Arte Cinematográfica: Três Perspectivas" (23 de janeiro de 2016)

No passado dia 23 de janeiro de 2016, tive a oportunidade de proferir uma comunicação no Campo Real, em Torres Vedras, no âmbito do evento "Encontros com a Filosofia - Progresso ou Barbárie?", a convite do Professor Nozes Pires. Partilho convosco uma fotografia e a introdução da minha comunicação intitulada "Relação entre a Moral e a Arte Cinematográfica: Três Perspetivas".





"Boa tarde a todos os presentes!
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Professor Nozes Pires a oportunidade de estar hoje, aqui, a discutir filosofia na minha terra natal. Aproveito ainda para congratular a organização deste evento tão interessante.
Uma vez que estamos a trabalhar no projeto de doutoramento - intitulado Filosofia e Cinema: Uma interseção entre a Estética e a Moralidade do Filme, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) -, pensámos que seria frutífero discutir convosco três perspetivas distintas sobre a relação entre a estética e a moralidade de uma obra cinematográfica. No decorrer da discussão, tentaremos também mostrar se discutir filmes atentando na perspetiva moral dos mesmos é sinal de progresso científico, ou se, pelo contrário, estamos a inferiorizar a sétima arte, cometendo uma espécie de ato bárbaro.  Além disso, perguntar-nos-emos sobre quais os efeitos que determinados atos considerados imorais têm na nossa perceção estética do filme...".

"Splendor in the Grass" (1961)


Fotografia retirada de:



"(...)
Do esplendor na relva,
da glória na flor,
Não nos lamentaremos, inspirados
no que fica para trás;
Na empatia primordial
que tendo sido sempre será;
Nos suaves pensamentos que nascem 
do sofrimento humano;
Na fé que supera a morte,
Nos tempos que anunciam o espírito filosófico."*



William Wordsworth


(Tradução de Catarina Belo)



*Poema citado no filme "Splendor in the Grass" ou "Esplendor na Relva" (1961).

Apresentação do Projeto de Doutoramento na U.M. (20 de novembro de 2015)


Na fotografia, com o moderador José Amaro (aluno de Filosofia da Universidade do Minho) - apresentação do meu Projeto de Doutoramento "Filosofia e Cinema: Uma Interseção entre a Estética e a Moralidade do Filme", no Auditório do ILCH - 20 de novembro de 2015 (evento promovido no âmbito das celebrações dos 10 anos da Licenciatura em Filosofia da Universidade do Minho e do Dia Internacional da Filosofia 2015).



Deixo-vos algumas passagens do meu discurso:

"A relação entre a Filosofia e o Cinema não é um tema novo; nos últimos anos, muitos investigadores têm dissertado sobre o assunto (veja-se, a título de exemplo, o  número da Revista Portuguesa de Filosofia de 2013 intitulado “Filosofia e Cinema”). Não obstante, em Portugal, ainda não houve um trabalho de investigação inovador sobre a relação entre a estética e a moralidade do filme. Ademais, comummente, os escritos existentes sobre o assunto refletem sobre a relação entre a moral e a arte de uma forma geral, não se centrando, portanto, num único tipo de arte (é o caso de Aesthetics and Ethics. Essays at the Intersection, editado por Jerrold Levinson).
Ora, dada a importância que tem vindo a adquirir na vida das pessoas,acreditamos que o cinema - existindo e subsistindo devido à sua intenção de nos confrontar não apenas com formas imaginativas, mas também com conteúdos realistas – será uma área particularmente promissora no confronto entre estética e moral.
Numa perspetiva científica, podemos asseverar que os debates existentes até agora têm-se focado predominantemente no conceito geral de ‘arte’. Desde logo, filósofos contemporâneos que refletem sobre as implicações morais das obras de arte admitem que ainda sabemos muito pouco ou até quase nada sobre o assunto. Pensadores como Noël Carroll ou Jerrold Levinson (que já atrás mencionei), por exemplo, têm vindo a fazer um esforço para perceber se uma falha ética de um objeto artístico constitui, necessariamente, um defeito estético. Existem, sobretudo, três posições distintas acerca do problema aqui levantado. São elas: o autonomismo estético, o eticismo e o imoralismo. Urge, pois, perguntar: será que a estética e a moralidade de uma obra de arte constituem esferas autónomas?; será que um objeto artístico com falhas morais é uma obra esteticamente má?; ou será que os aspetos imorais intensificam a relação que estabelecemos com a arte?
A originalidade deste projeto reside na experiência de vincular a discussão anterior ao cinema, tentando perceber se, nos filmes, podemos encarar a estética e a moral como esferas independentes.

(...)

O projeto "Filosofia e Cinema: Uma interseção entre a Estética e a Moralidade do Filme" tem cinco objetivos particulares e um objetivo geral. O primeiro objetivo particular é este: colocar a questão “devemos encarar a estética e a moralidade do filme como esferas autónomas ou será sempre necessário estabelecer uma relação entre as duas numa obra cinematográfica?”; dado que não consideramos possível entender o cinema como algo isolado do mundo, acreditamos que é normal que surja, no mesmo, uma tensão entre a apreciação moral e a apreciação estética. Portanto, refletir sobre tal tensão será outro dos intuitos do trabalho; pretenderemos provar, no seguimento do segundo objetivo, que os autonomistas não têm uma visão correta por considerarem arte e moralidade esferas independentes; aludindo a diversas obras cinematográficas, dissertaremos sobre o que une os espetadores às personagens ficcionais dos filmes, nomeadamente em termos do seu estatuto ético. Neste mesmo ponto, refletiremos sobre: o “particularismo moral” (por oposição ao “principalismo”); sobre a “teoria da ficção” de Kendall Walton; sobre a chamada “teoria da semelhança” de Gregory Currie, bem como sobre a “hipótese da simulação”, lançada por Roy Sorensen; o culminar da reflexão sobre os pontos anteriormente referidos será a defesa de alguns aspetos positivos do imoralismo estético e do moralismo moderado, defesa essa que nos permitirá chegar a uma nova posição: através da reflexão e da argumentação, esferas basilares da filosofia, esperamos conseguir conciliar perspetivas até então inconciliáveis. Este é o nosso último objetivo particular.
Posto isto, salientar que, por detrás de todos os objetivos particulares expostos, existe a intenção não passageira (expressão que encontramos na teoria histórica de Levinson) de encarar o cinema como uma forma de valorização da condição humana...".


"Letters from an Unknown Woman" - o livro, o filme e a peça de teatro

Caros leitores, 

Não poderia começar a aventura que é este blogue sem vos apresentar a obra que inspirou o título deste mesmo projeto: Letters from an Unknown Woman (em português, Cartas de uma Desconhecida), de Stefan Zweig.



Sobre o livro:

"Era o dia do seu quadragésimo aniversário e o conhecido romancista R. recebia, entre a habitual correspondência, uma misteriosa carta. Escrita à pressa, com letra de mulher, duas dúzias de páginas de uma confissão que começava assim: 'Para ti que nunca me conheceste'. Um relato dramático de uma mulher que ama, desesperadamente, um homem incapaz de amar alguém. Carta de uma Desconhecida é um dos mais aclamados livros de Stefan Zweig que traça um profundo retrato psicológico de uma mulher que amou sem ser amada. Uma relíquia literária onde o autor austríaco descreve com mestria os sentimentos humanos e o drama das suas contradições" (sinopse retirada de http://www.wook.pt/ficha/carta-de-uma-desconhecida/a/id/202910. Consultado a 26/01/2016).



Sobre o filme:




M/12 | 86 min. | Drama, Romance
Realização: Max Ophüls
Adaptação: Howard Koch (a partir da obra de S. Zweig)
Atores principais: Joan Fontaine e Louis Jourdan
Ano: 1948



Sobre a peça de teatro portuguesa:

"Um criado que observa narra-nos ao piano a carta de uma desconhecida: aos 13 anos uma menina desenvolve um amor platónico por um homem mais velho, até que décadas mais tarde essa obsessão culmina no suicídio. Escreve-lhe uma carta, revela-lhe a sua vida e mata-se...".

Cenário, desenho de luz e vídeo mapping: João Cachulo | Adaptação, dramaturgia e encenação: Patrícia André e Sandra Barata Melo | Figurinos: Ricardo Preto | Movimento: Félix Lozano | Piano: Luís Figueiredo | Interpretação: Sandra Barata Melo, Guilherme Barroso e Luís Figueiredo | Duração prevista: 90 minutos.

(As informações sobre a peça de teatro foram retiradas de: http://www.theatrocirco.com/pt/agendaebilheteira/programacultural/168. Consultado a 26/01/2016).