Imagem retirada de: http://www.ercatx.org/feb-27th-andy-warhols-eating-too-fast/
Andy Warhol nasceu em 1928, em Pittsburgh, no seio de uma família de emigrantes eslavos. De 1945 a 1949, estudou Artes Gráficas Aplicadas e, após obter o diploma do Carnegie Institute of Technology, instalou-se em Nova Iorque. Foi aí que começou a trabalhar em ilustração e publicidade para revistas como a conceituada Vogue. Foi essencialmente na década de 60 que o artista Pop começou a pintar e a elaborar serigrafias sobre tela (Latas de Sopa Campbell's, rostos de famosos como Marilyn Monroe ou Elvis Presley,...). Foi também por essa altura que Warhol se anunciou como cineasta experimental.
A expressão 'cinema experimental' abrange diversos estilos cinematográficos que têm em comum o facto de se diferenciarem e/ou até de se oporem às práticas e ao estilo da sétima arte mais comercial. Normalmente, os filmes experimentais caracterizam-se pela ausência de uma narrativa linear - e, muitas vezes, de som - e pelo uso de diversas técnicas de abstração. Estas características estão presentes nos filmes deste artista. Como explica Graig Uhlin, num artigo intitulado "Tv, Time, and the Films of Andy Warhol", as suas obras cinematográficas "are usually situated within avant-garde and art-historical traditions - the realism of the New Cinema, the influence of John Cage and other avante-garde music and dance movements, the traditions of minimalism and Pop Art" (Uhlin, 2010: 2).
Nos primeiros filmes de Warhol, não há enredo nem diálogo, apenas uma vontade de mostrar tudo o que se atravessa à frente da câmara: em Henry Geldzahler, de 1964, vemos o curador Henry Geldzahler a fumar um charuto e, ao longo de 97 minutos, percebemos que ele vai ficando cada vez mais desconfortável; em Sleep, do ano anterior, assistimos ao poeta John Giorno, amigo íntimo de Warhol, na altura, a dormir durante cinco horas e vinte minutos; já com Empire, de 1964, vemos Empire State Building, à noite, durante seis horas e meia (ver uma parte do filme infra):
Ao falar do cinema deste artista, devemos referir a influência da TV pois, como o próprio destacou várias vezes, tal meio de comunicação é uma espécie de modelo explicativo para as suas obras cinematográficas, principalmente durante o período a preto e branco. O filme Bufferin, de 1966, confronta-nos com uma leitura de poesia por parte de Gerard Malanga, "seems to mime the structure of a television program, where narrative action is interrupted by commercial braks" (idem, 8-9). De notar que em Soap Opera, de 1964, as imagens do drama doméstico também são interrompidas por anúncios televisivos.
A verdade é que o trabalho deste artista espelha-se como uma forma de protesto. Existe na sua arte uma preocupação, uma chamada de atenção para os perigos do consumo, da trivialidade e da banalidade que reinam hoje em dia. Esse é, aliás, um dos aspectos que atravessa a obra dos artistas da chamada Pop Art (que tem como uma das suas figuras principais, precisamente, Warhol), um movimento que se associa à superficialidade que caracteriza sociedades capitalistas e tecnológicas que privilegiam o consumismo exacerbado.
Referência: Uhlin, Graig (2010). Tv, Time and the Films of Andy Warhol. In Cinema Journal, 49, 3, pp.1-23.
Adaptado de Andy Warhol e o Espelho do Banal (trabalho final realizado no âmbito do curso livre de Fotografia e Cinema org. pelo Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Nova de Lisboa, entre março e abril de 2016).
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