Pontuação: 6/10
M/12 | 1h46 m. | Ação, Drama, História
Países: UK, Holanda, França, EUA
Realizador: Christopher Nolan
Escrito por: Christopher Nolan
Estrelado por: Fionn Whitehead, Damien Bonnard, Aneurin Barnard
Captain Winnant: What do you see?
Commander Bolton: Home.
Maio de 1940. Segunda Guerra Mundial. Os soldados Aliados
encontravam-se encurralados e submetidos aos bombardeamentos da Luftwaffe, a
força aérea alemã, na região de Dunquerque. Lá, esperaram, durante dias, por um
resgate. O novo filme de Christopher Nolan traz ao grande ecrã a história dessa
mesma evacuação, a Operação Dínamo, também conhecida como
"Milagre de Dunquerque". Um milagre que abarcou cerca de 400 mil
homens que conviveram de perto com o desespero.
Apesar da grande dose de ficção, Dunkirk também
consegue ser, de um ponto de vista histórico, autêntico e fiel. Este é, desde
logo, um dos seus aspetos positivos. Logo nos minutos iniciais, vemos soldados
cobertos por folhetos que os nazis produziam alertando para uma impossibilidade
de fuga. A verdade é que os alemães elaboraram, de facto, esses mesmos
folhetos, tanto em francês como em inglês. Para além do grau de veracidade
de alguns momentos como o ainda agora enunciado, a nova longa metragem de Nolan
arrasa no que à montagem e edição de som diz respeito: é quase impossível
encontrar um espectador que não admita que ouviu de muito perto o barulho das
ondas do mar ou que sentiu na pele todas aquelas brutais explosões ocorridas.
Já no que respeita à fotografia, da responsabilidade de Hoyte van Hoytema (Intersteller,
Her,...), também há muitas vénias a fazer: as cores de Dunkirk são
de uma beleza estonteante. Cada imagem que nos chega da praia faz-nos colocar
os pés na areia e a cabeça no céu. Este é, sem dúvida, um elemento técnico de
destaque.
Por outro lado, há qualquer coisa que falha
em Dunkirk: estamos perante um filme de guerra, sabemos que os
ruídos fazem parte de qualquer batalha... Mas a banda sonora de Hans Zimmer
acaba por ser de um exagero sem igual (parece-nos ser mesmo a pior criação do
compositor). Passados 20 minutos de filme, já não conseguimos suportar aqueles
sons, ora hiper-realistas, ora enfáticos. Em vez de criar tensão, a obra de
Nolan acaba por, a dada altura, criar irritação. O realizador quis tornar o
diálogo entre personagens num elemento de menor importância, mas acabou por
compensar (ou melhor, descompensar) essa falta com uma música que chega a
provocar náuseas. Há muitos momentos de Dunkirk que pedem
silêncio e esse silêncio acaba por nunca chegar.
Além do problema da banda sonora desmesurada, este
filme delineia-se como um espetáculo digital despido de todo e qualquer laivo
de humanismo. É certo que nos dá a conhecer aquele pai e aquele filho ingleses
que, no seu pequeno barco, tentam resgatar, em alto mar, os seus compatriotas
perdidos. Quando surgem no ecrã, há um conforto que aquece o nosso coração. Mas
o seu surgimento é tão momentâneo, tão efémero, tão fugaz, que não chega para
colmatar a falta de filantropia que sentimos.
Em Dunkirk, temos ritmo,
vulcanicidade... Temos a terra, o ar e o mar em grande destaque. E também temos
fogo, é certo. Mas a falta de contenção de Nolan torna tudo tão frio e tão meramente frenético que nem o momento do resgate consegue proporcionar-nos conforto.
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