sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

"Linha Fantasma" (2017). Elegantemente cosido.



Pontuação: 8.5/10

M/12 | 2h10 min. | Drama, Romance

Realizado por: Paul Thomas Anderson
Escrito por: Paul Thomas Anderson
Estrelado por: Vicky Krieps, Daniel Day-Lewis, Lesley Manville


"Dr. Robert Hardy": “He's a very demanding man, isn't he?
 Must be quite a challenge to be with him...”
“Alma”: "Yes. Maybe he is the most demanding man".




O novo filme do subvalorizado realizador Paul Thomas Anderson retrata a Londres do pós 2ª Guerra Mundial. Estamos nos anos 50 do século XX, altura em que “Reynolds Woodcock” (Daniel Day-Lewis) e “Cyril Woodcock” (Lesley Manville) dominavam a moda so british, vestindo a realeza, o estrelato e até grandes nomes internacionais. Toda a obra é sobre elegância, toda ela cose elegância. São os pormenores e os detalhes ornamentais que fazem de Linha Fantasma aquilo que o filme é: uma pedra preciosa.

Anderson demarca-se de forma sublime enquanto realizador e diretor de fotografia deste drama. O que mais destacamos é, sem dúvida, a forma como nos aparecem as luzes e as cores, assim como os maravilhosos e intensos close-ups, quer do rosto de “Woodcock”, quer do rosto de “Alma” (Vicky Krieps), a jovem por quem o estilista se apaixona perdidamente – ao ponto de abandonar inconscientemente a perfeição que outrora pintava o seu trabalho. Há ainda que mencionar e aplaudir a banda sonora omnipresente de Jonny Greenwood que acompanha a história e que em momento algum é exagerada ou inadequada. Pelo contrário: cada música encaixa-se na perfeição.


Para além da realização, da técnica, da fotografia e da banda sonora, temos que destacar a performance dos atores principais de Linha Fantasma: se este for, de facto, o último papel de Daniel Day-Lewis, o ator sai em grande. O que vemos no grande ecrã é um homem obcecado pelo trabalho, apaixonado, exigente e impaciente (até o barrar da manteiga nas torradas o incomoda!), severo e vulnerável, ao mesmo tempo. E também dependente: dependente da sua irmã “Cyril”, cujo olhar não mata, mas mói (é de notar que Manville está, e muito bem, nomeada para o Óscar de Melhor Atriz Secundária por este papel). Depois, temos Krieps, a inteligente e persistente “Alma”, uma personagem que encarna tudo aquilo que o amor é e não é. Não obstante a magnanimidade deste trio, o agradecimento final deve ser feito a Anderson, que deu a cada personagem o devido tempo para brilhar.



Linha Fantasma é uma das grandes surpresas dos Óscares 2018 e está nomeado em 6 categorias: “Melhor Filme”, “Melhor Realizador”, “Melhor Ator”, “Melhor Atriz Secundária”, “Melhor Guarda-Roupa” (talvez seja este o único ao seu alcance) e “Melhor Banda Sonora Original”. Ao nível da estética cinematográfica, parece-nos difícil pedir mais do que aquilo que esta obra oferece. Já no que à narrativa diz respeito, parece que ficou algo por dizer. Ou então foi a monstruosidade dos minutos finais que nos impediu de dar nota 10.

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