1º) La La Land: Melodia de Amor
Pontuação: 9,5/10
Vencedor de sete Globos de Ouro (incluindo o de Melhor Filme), este ano, o novo filme de Damien Chazelle não desilude. A sua história é simples: "Mia" (Emma Stone, no melhor desempenho da sua carreira, até à data) trabalha como empregada de mesa no café do estúdio Warner Bros, mas deseja singrar, como atriz, no mundo da sétima arte; "Sebastian" (Ryan Gosling) é um pianista cheio de talento que, dominado por uma enorme vontade de lutar para que o jazz não pereça, deseja abrir o seu próprio bar. A precisão de Chazelle acaba por se desvelar a cada minuto de filme até que o espectador chega àquele estado em que já não consegue pensar no que poderia estar melhor filmado, melhor cantado, melhor montado, melhor contado. Não há gestos, olhares, diálogos ou canções que não se apresentem bem no lugar onde estão. Estamos perante um musical que não é um simples mar de cantorias, mas sim um tributo, um enorme tributo, diga-se, ao cinema, ao jazz e ao amor pela arte, em geral.
2º) Manchester by the Sea
Pontuação: 8/10
Estamos perante uma obra cinematográfica que merece, sem dúvida, estar na corrida aos Óscares (o filme está nomeado em 6 categorias, incluindo as de “Melhor Filme”, “Melhor Ator Principal” e “Melhor Realização”). E merece, sobretudo, pela sua quietude, que nos permite fugir um pouco da típica, célere e, por vezes, desenfreada Hollywood. Manchester by the Sea é um filme que trata a perda, a dor, a ansiedade e até a redenção de uma forma tão cuidada que chega a ser maravilhosa. Neste filme, é Casey Affleck quem, interpretando “Lee Chandler”, mais sobressai. Estamos perante um ator que revela uma capacidade incrível e non communis de inquietar o espectador que, não raras vezes, dá por si a perguntar coisas como “afinal, sobre o que é que ele está a pensar?” ou “o que é que ele está a sentir, neste exato instante?”. Além de "Melhor Ator", que ganhe o Óscar de "Melhor Argumento Original".
3º) O Herói de Hacksaw Ridge
Pontuação: 8/10
Nomeado para 7 Óscares da Academia – "Melhor Filme", "Realizador", “Ator Principal”, “Argumento Adaptado”, “Montagem”, “Montagem de Som” e “Sonoplastia” –, O Herói de Hacksaw Ridge, apesar de não fugir ao tema predilecto de Mel Gibson (homens que enfrentam tudo e todos em nome das suas convicções) revela boas surpresas. Falamos de um trabalho que não é apenas mais um filme de guerra. É, sim, uma porta de acesso à coragem, à fé e ao excecionalismo de um homem:“Desmond T. Doss” (numa interpretação notável e, até, surpreendente, de Andrew Garfield), natural da Virgínia, Adventista do Sétimo Dia e objetor de consciência durante a II Guerra Mundial. Este filme traz a guerra, os cérebros desfeitos, os membros perdidos pelo campo de batalha de Okinawa e todo aquele sangue carregado que é claramente a marca de Gibson. O realizador recorre algumas vezes à câmara lenta, uma estratégia típica dos filmes do género “Guerra”, mas não o faz de forma exagerada nem tão-pouco para exacerbar violência gratuita.
4º) Moonlight
Pontuação: 8/10
É praticamente impossível não irmos assistir a Moonlight carregados de elevadas expectativas. Com 264 nomeações e vencedor, até à data, de 102 prémios, o filme de Barry Jenkins pode vir a ser a grande estrela da próxima cerimónia dos Óscares. Mais do que qualquer elemento – fotografia, montagem, banda sonora – é a narrativa que faz com que este filme mereça ser visto. Dividido em três partes (com os títulos “Little”, “Chiron” e “Black”, que representam a fase da infância, a da adolescência e a da adultez de “Chiron”, interpretadas por Alex R. Hibbert, Ashton Sanders e Trevante Rhodes, respetivamente), Moonlight assume-se como espelho da vida de um jovem que, desde pequeno, teve que aprender a lidar sozinho com uma mãe viciada em drogas (Naomie Harris aparece estrondosa como “Paula”), um pai ausente (especula-se que “Chiron” tenha sido fruto de um caso de uma noite só) e um bullying constante por parte dos seus colegas de escola. O que merece ser, realmente, apreciado nesta adaptação cinematográfica é a entrega e desempenho do seu elenco, bem como o realismo que subjaz a cada cena.
5º) Arrival: O Primeiro Encontro
Pontuação: 8/10
Arrival é um dos filmes mais nomeados, este ano, pela Academia – está indicado nas categorias de “Melhor Filme”, “Melhor Realizador”, “Melhor Argumento Adaptado”, “Fotografia”, “Montagem”, “Design de Produção”, “Edição de Som” e “Mistura de Som”. Apesar de se destacar, de facto, pelos seus aspetos técnicos (até pela bela banda sonora de Jóhann Jóhannsson), este filme não é apenas forma, cor ou som. É história, uma história envolvente e bem contada. A mesmidade dos dias de “Louise” (Amy Adams, deixada de fora pela Academia) termina quando esta é chamada pelo “Coronel GT Weber” (Forest Whitaker) para integrar uma missão que pode ditar o destino dos habitantes da Terra: tentar, com a ajuda do cientista “Ian” (Jeremy Renner), compreender quais as motivações dos extraterrestres com a sua vinda ao nosso planeta e o porquê de estarem espalhadas 12 naves espaciais no nosso globo. É então que começa uma viagem muito especial, uma viagem que é dos protagonistas e de nós, espectadores, que participamos de uma forma surpreendente na construção de uma ponte para o entendimento mútuo. Uma vénia aos aspetos técnicos desta película.
6º) Hell or High Water - Custe o que Custar!
Pontuação: 7,5/10
Hell or High Water está nomeado para 3 Óscares da Academia: “Melhor Filme”, “Melhor Ator Secundário“ (Jeff Bridges) e “Melhor Montagem”. Graças ao desempenho dos seus protagonistas e dos seus aspetos técnicos, a longa-metragem de David Mackenzie surpreende. Estamos perante uma história que decorre no Texas, mas que foi rodada noutro Estado americano. No entanto, as cores quentes e as paisagens texanas de cortar a respiração chegam ao espectador através da fotografia exímia de Giles Nuttgens. A banda sonora que acompanha a trama, da autoria de Nick Cave e de Warren Ellis, é congruente e a montagem de Jake Roberts é merecedora de uma vénia. Os atores Chris Pine, Ben Foster e Jeff Bridges têm performances exímias.
7º) Lion: A Longa Estrada para Casa
Pontuação: 7/10
Lion foi dos primeiros filmes nomeados para os Óscares 2017 a estrear nas salas de cinema portuguesas. É um drama que, antes de ser ficcionado, foi real. O que este filme conta é a história de vida de um menino, “Saroo” (Dev Patel) que, em 1986, se perdeu da sua pobre, mas jucunda família. Entrando num comboio que estava parado na estação onde o irmão lhe pediu que aguardasse, o pequeno adormeceu e, quando acordou, já estava longe. Perdido em Calcutá, a 1500 quilómetros da sua mãe, o rapaz de 5 anos tentou pedir ajuda a pessoas com quem se cruzava, mas o auxílio revelou-se inócuo. Se no que respeita às emoções Lion cumpriu, o mesmo se pode dizer da sua fotografia - quão belas são as imagens da viagem de comboio! - e da sua banda sonora (ambas na corrida ao Óscar), bem como de Nicole Kidman (nomeada pela Academia para a categoria de Melhor Atriz Secundária, com este filme), uma mulher que transpira amor e cuidado por todos os poros.
8º) Elementos Secretos
Pontuação: 6,5/10
West Virginia, final dos anos 50. Três mulheres, um polícia e um diálogo paupérrimo que adverte, sem demoras, o espectador: "atenção, nos próximos 120 minutos, vai ouvir falar de racismo". Mau grado os clichés que saem da boca de "Mary" (Janelle Monáe, a "Teresa" de Moonlight; non culpa pelas falas que lhe foram incumbidas), sentimos que é nosso dever dar oportunidade ao filme. Mas o argumento é tão pobre que as expectativas acabam por se dissipar por completo. O que é uma pena, pois as três histórias de vida que servem de base a Hidden Figures tinham tudo para fazer deste um grande filme. A obra apenas vislumbra a lua, numa ou noutra cena, graças às performances das suas atrizes (aliás, foram essas - mais uma que as outras - que justificaram o Prémio do Sindicato dos Atores dos EUA). O 6,5 é para elas.
9º) Vedações
Pontuação: 5/10
Vedações (Fences, no original) está nomeado para quatro Óscares da Academia: “Melhor Filme, Melhor Ator Principal” (Denzel Washington), “Melhor Atriz Secundária” (Viola Davis) e “Melhor Argumento Adaptado”. Esta longa-metragem, realizada por Denzel Washington, passa-se na década de 50 do século XX e conta a história de “Troy Maxson” (Denzel Washington), um homem que trabalha nos saneamentos de Pittsburg e que, devido à idade e à cor da sua pele, teve que abandonar o seu grande sonho: ser jogador de baseball. Estamos perante uma película, de facto, teatral, onde as interpretações são tudo. Viola Davis aparece extraordinária e faz o filme valer a pena. A um nível mais formal e técnico, Fences é uma autêntica desgraça: tem uma montagem de principiante, uma fotografia tudo menos deslumbrante e uma série de close ups desleixados.