sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

"Vedações" (2016). Uma Experiência de Clausura.


Pontuação: 5/10

M/12 | 2h19 min. | Drama

Título original: Fences
Realizado por: Denzel Washington
Escrito por: August Wilson, baseado na peça de teatro Fences
Estrelado por: Denzel Washington, Viola Davis, Stephen Henderson

Vedações (Fences, no original) está nomeado para quatro Óscares da Academia: Melhor Filme, Melhor Ator Principal (Denzel Washington), Melhor Atriz Secundária (Viola Davis) e Melhor Argumento Adaptado. Irá, com certeza, ganhar um, graças à incrível Viola Davis. A única responsável por uma ligação emotiva entre o espectador e o filme.
Esta longa-metragem, realizada por Denzel Washington, passa-se na década de 50 do século XX e conta a história de “Troy Maxson” (Denzel Washington), um homem que trabalha nos saneamentos de Pittsburg e que, devido à idade e à cor da sua pele, teve que abandonar o seu grande sonho: ser jogador de baseball. Nota-se logo, desde os primeiros minutos de filme, que essa mesma renúncia é a causa de todas as mágoas e frustrações de “Troy” que, acreditanto que a dureza aufere respeito, descarrega, constantemente, o seu desgosto na mulher “Rose” (Viola Davis) e nos dois filhos (de diferentes mães).
É importante salientar que Vedações é adaptado da peça de teatro de August Wilson, estreada em 1983 e vencedora de um Prémio Pulitzer. Os protagonitas deste filme já conheciam bem as suas falas e os seus gestos, pois fizeram parte do elenco dessa produção da Broadway, a sexta de dez que compõem o chamado “Pittsburgh Cycle” (só Washington esteve mais de uma centena de vezes em palco como “Troy”).
A verdade é que estamos perante uma película, de facto, teatral, onde as interpretações são tudo. Washington está bem, mas não extraordinário: as suas palavras são tantas e saem da sua boca de forma tão desenfreada que ficamos sem tempo para observar com calma as suas expressões. Ao fim de dez minutos de filme, já nos apetece gritar “por favor, páre!”. Contudo, com Davis, acontece exatamente o contrário: a atriz vai marcando o seu lugar com uma ou outra intervenção espontânea e, quando finalmente se faz ouvir (“I’ve been standing with you! I gave eighteen years of my life to stand in the same spot as you!”), arrepia-nos e permite-nos dizer adeus, por breves instantes, à clausura que Vedações é. É de referir ainda Jovan Adepo, que aparece seguro e competente no papel de “Cory”, fazendo-nos crer que, numa casa onde imperam a resignação e o conservadorismo, ainda há quem acredite nas potencialidades do sonho.
De resto, a um nível mais formal e técnico, este filme é uma autêntica desgraça: tem uma montagem de principiante, uma fotografia tudo menos deslumbrante e uma série de close ups desleixados. E a cena final? É tão má que causa lágrimas de desgosto. Citando a personagem "Bono" (Stephen Henderson), "some people build fences to keep people out, and other people build fences to keep people in". Durante grande parte deste filme, a vontade de ficar de fora suplanta. Se há peças de teatro que devem permanecer no palco, esta é uma delas.

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