segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

"Hidden Figures" (2016). Da Lua apenas Vislumbres.

Imagem retirada de: http://www.elle.com/culture/movies-tv/news/a40826/hidden-figures-trailer/


Pontuação: 6.5/10

M/12 | 2h07 | Biografia, Drama, História

Título original: Hidden Figures
Realizado por: Theodore Melfi
Escrito por: Allison Schroeder, Theodore Melfi; baseado na obra de Margot Lee Shetterly
Estrelado por: Taraji P. Henson, Octavia Spencer, Janelle Monáe, Kevin Costner


West Virginia, final dos anos 50. Três mulheres, um polícia e um diálogo paupérrimo que adverte, sem demoras, o espectador: "atenção, nos próximos 120 minutos, vai ouvir falar de racismo". Mau grado os clichés que saem da boca de "Mary" (Janelle Monáe, a "Teresa" de Moonlight; non culpa pelas falas que lhe foram incumbidas), sentimos que é nosso dever dar oportunidade ao filme, que ainda agora começou. Mas o argumento é tão pobre que as expectativas acabam por se dissipar por completo. O que é uma pena, pois as três histórias de vida que servem de base a Hidden Figures tinham tudo para fazer deste um grande filme (contando que é sempre um enorme desafio realizar uma boa obra cinematográfica do género biográfico).
O título desta longa-metragem de Theodore Melfi teve origem nos "elementos secretos" que estiveram por detrás do lançamento de John Glenn para a órbita, um sonho que a nação americana augurava concretizar por forma a igualar e até superar a Rússia na corrida espacial: falamos de três mulheres que se destacaram, dentro da NASA (onde a segregação racial evidenciava-se nas casas de banho, nas chaleiras com café quente e, claro, nos próprios departamentos), devido à sua inteligência, perspicácia e coragem - "Katherine G. Johnson" (interpretada por Taraji P. Henson, nomeada uma única vez pela Academia, em 2009, para Melhor Atriz Secundária, com The Curious Case of Benjamin Button - O Estranho Caso de Benjamin Button, em português), "Dorothy Vaughan" (Octavia Spencer, vencedora de um Globo de Ouro e de um Óscar, em 2012, por The Help - As Serviçais) e a já referida "Mary Jackson". São precisamente as três atrizes que dão vida a estas personagens que fazem o filme valer a pena (o 6.5/10 é todo para elas). Apesar de Octavia Spencer ser a única das três a estar nomeada para um Óscar, este ano (o de "Melhor Atriz Secundária), é Taraji P. Henson quem mais sobressai (ela, sim, merecia a nomeação), nomeadamente quando, ao ser chamada à atenção pelo seu patrão "Al Harrison" (Kevin Costner) pelo tempo que passava fora do escritório, esta lhe grita, profundamente emocionada e indignada: "There are no colored bathrooms in this building, or any building outside the West Campus, which is half a mile away. Did you know that?".
A cena anterior faz com que sintamos, por segundos, aquilo que o filme de Melfi poderia ser, mas não é. A resposta que "Katherine" dá a "Al Harrison" quando este a questiona sobre a possibilidade de os americanos chegarem, um dia, à lua - "we're already there, sir"-, não pode ser a mesma que damos quando nos perguntamos sobre até onde é que este filme consegue ir. Hidden Figures apenas a vislumbra, numa ou noutra cena, e em tudo, repito, graças às performances das suas atrizes (aliás, foram essas - mais uma que as outras - que justificaram o Prémio do Sindicato dos Atores dos EUA).
As três inteligências da NASA mereciam, sem sombra de dúvida, melhor homenagem. 

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